As vendas do varejo de material de construção cresceram 2,8% em 2014, na comparação com 2013, e o setor bateu novo recorde histórico de faturamento anual: R$ 60 bilhões. Os dados são do estudo mensal realizado pelo Instituto de Pesquisas da Universidade Anamaco com o apoio da Abrafati, Instituto Crisotila Brasil, Instituto Aço Brasil, Anfacer, Afeal e Siamfesp.
“A nossa previsão inicial, que era de 7,2% de aumento de vendas em 2014, não se concretizou porque tivemos uma série de obstáculos ao longo do ano. O setor teve comportamento atípico durante diversos meses. Em março, por exemplo, alguns dos nossos segmentos registraram queda de vendas e haviam apresentado grande crescimento em fevereiro. Depois tivemos Copa do Mundo, uma série de feriados prolongados, eleições, que é uma época que traz uma certa insegurança ao consumidor devido à incerteza do futuro. Estamos fechando o ano com um desempenho que não foi o ideal, mas ainda assim batemos recorde de faturamento”, declara Claudio Conz, presidente da Anamaco.
O levantamento ouviu 530 lojistas das cinco regiões do país entre os dias 17 e 20 de dezembro e revelou que as vendas no último mês do ano tiveram desempenho 2% superior a novembro. Na comparação dezembro de 2014 sobre o mesmo mês do ano passado, o setor também registrou 2% de crescimento.
O desempenho positivo, no entanto, só foi registrado nos estabelecimentos menores. Nas grandes lojas e nos home centers, a variação no mês foi 8% negativa. Quanto ao desempenho regional no mês de dezembro, o Centro-Oeste apresentou 10% de crescimento sobre novembro, seguido pelo Sudeste, com 6%, e o Norte, com 2%. Já no Nordeste, as vendas do setor se mantiveram estáveis, enquanto no Sul elas tiveram retração de 3%.
“Todos os segmentos pesquisados em dezembro apresentaram crescimento de vendas, com destaque para tintas (14%), cimentos (9%), e caixas d’água e telhas de fibrocimento (6%)”, explica Conz.
Segundo ele, os lojistas estão bastante divididos com relação ao que esperar de janeiro. A intenção de novas contratações, por exemplo, retraiu no Norte (-4%), mas cresceu fortemente no Centro-Oeste (8%) e ligeiramente no Sudeste (1%) e Nordeste (3%). Já a pretensão de se fazer novos investimentos nos próximos 12 meses aumentou 11% Sul e 6% Centro-Oeste, mas retraiu 5% no Sudeste, 4% no Norte e 1% no Nordeste.
Para 2015, a Anamaco espera um cenário mais positivo:
“Se considerarmos os dias úteis a mais que teremos este ano e uma inflação setorial de 8% somados ao potencial de consumo, podemos projetar um crescimento real de 6% para 2015. Acreditamos que a nova equipe econômica do governo fará os ajustes necessários e de forma suave para que a economia continue crescendo sem que ocorra maior perda de emprego e renda. Além disso, percebemos uma grande preparação dos bancos privados em recuperar sua fatia no mercado de financiamentos ao consumidor de material de construção, perdida dos últimos anos, sem falar nos financiamentos imobiliários, que continuam batendo recordes sucessivos. Ou seja, o cenário continua sendo otimista para o ano que vem por conta desses e de outros fatores”, completa Conz.
O presidente da Anamaco, no entanto, sabe que o setor também terá grandes desafios em 2015, principalmente no tocante à gestão e qualificação profissional:
“A única forma de superarmos obstáculos como os que apareceram em 2014 é melhorando a gestão e a capacitação dos nossos profissionais em todos os níveis. A cada ano, vemos crescer a concorrência com outros setores pelo bolso do mesmo consumidor, que, por sua vez, continua querendo os nossos produtos. A casa voltou a ser prioridade para as pessoas e seus desejos de melhoria, embelezamento, manutenção e readequação povoam os sonhos de milhões de consumidores, que só podem realizá-los nas lojas de material de construção. Apesar de todos os esforços, o nosso ‘Calcanhar de Aquiles’ continua sendo a profissionalização de nossos empregados em todos os níveis, desde o balconista até o dono da loja. O que está certo é que teremos muito trabalho pela frente e isso não assusta as pessoas que trabalham na indústria e no comércio do nosso setor”, finaliza Conz.