O setor da indústria da construção prevê a necessidade de investimento de R$ 558 bilhões ao ano, totalizando R$ 4,5 trilhões no período de 2015 a 2022. Com isso, o setor passaria a ter 9,8% de participação no PIB do país. Do montante anual, R$ 222,9 bilhões iriam para desenvolvimento da infraestrutura e R$ 335,9 bilhões para desenvolvimento urbano. Esse cenário foi apresentado durante o Congresso Brasileiro da Construção, na Fiesp, em São Paulo, nesta segunda-feira (9).
Empresários do setor estão reunidos para anunciar uma agenda positiva para o segmento e propostas para iniciar um novo ciclo de investimentos para adaptação à nova realidade econômica. Após apresentar crescimento positivo no PIB do país por 7 anos, o setor da indústria da construção acendeu a luz amarela ao apresentar desempenho negativo na participação no PIB em 2014. Por isso, empresários do segmento preveem um cenário sombrio caso medidas não sejam tomadas para retomar o crescimento.
De acordo com Carlos Eduardo Auricchio, diretor titular do Departamento da Indústria da Construção da Fiesp, a agenda proposta envolve eliminar os entraves que comprometem os investimentos, com maior eficiência na gestão, na tributação, no financiamento e na cadeia produtiva.
As principais propostas dos empresários são aprimorar os programas do governo, ampliar a participação no setor privado, reduzir as imprevisibilidades e aumentar a produtividade.
De acordo com o estudo apresentado na Fiesp, o ciclo de investimentos em obras no país entre 2007 e 2014 aumentou a participação do setor da indústria da construção no PIB. Em 2007 foi de 4,9%, em 2010 chegou a 11,6%, mas em 2011 caiu para 3,6%, em 2012 para 1,4%, e em 2014 o desempenho foi negativo: -5,3%.
Os fatores citados por Auricchio para tamanha queda são Inflação, aumento de juros, restrição ao crédito, crise política e perda de confiança.
Entre os efeitos negativos no setor, segundo ele, estão fechamento de vagas de emprego – foram 175 mil empregos cortados entre janeiro de 2014 e janeiro de 2015 nas construtoras e incorporadoras. Já no setor de material de construção foram cortadas 51,7 mil vagas. Outro efeito colateral sentido pelo setor é o atraso nos pagamentos para as construtoras.
Burocracia é entrave
O presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Aroldo Cedraz, que participou de um painel durante o evento na Fiesp, reconheceu que a burocracia é entrave para o desenvolvimento do país, a ser questionado como garantir que as obras sejam entregues dentro do prazo. “Sabemos que a questão da burocracia arraigada na nossa terra remonta a muitos anos, não dá mais pra gente tolerar isso. Quando a gente avalia os entraves da economia brasileira, a gente já cansou desse tema. Há necessidade de um esforço gigantesco, monumental para desmontar essa burocracia, e essa é uma tarefa de todos”, afirmou.
Segundo o ministro, o Brasil precisa avançar em transparência e desenvolvimento digital e desmontar a burocracia. De acordo com ele, é preciso que a aplicação de verba pública não seja feita em projetos que não trarão a eficiência desejada, mas que atenderão à necessidade da população.
Fonte: Portal G1